
Por Rita Maria Nunes, Country Manager TAB Portugal
“As zonas de conforto são onde os sonhos vão morrer”. Esta frase bem que podia ser uma espécie de post-it para todos os empresários. Não foi dita por nenhum guru nem escritor famoso ligado ao universo empresarial, mas carrega em si uma mensagem realmente importante para os empreendedores que querem continuar a concretizar sonhos e a fazer singrar os seus negócios. A ideia foi proferida pela atriz Regina King, no momento em que subiu ao palco para receber um Óscar que tinha acabado de vencer. A zona de conforto é uma espécie de área cinzenta dos negócios. É onde se pode fazer uma pequena pausa para recuperar fôlego, mas jamais permanecer lá por muito tempo.
Sejamos claros: o ato de lançar um negócio é sempre algo super emocionante e, na mesma proporção, exaustivo. Por isso, é perfeitamente normal que, a partir do momento em que a empresa comece a atingir um determinado nível de sucesso, e as coisas começarem a correr bem, os empresários queiram ficar nessa aparente zona de conforto.
Mas, e por muito tentador que seja permanecer nessa espécie de aconchego e sossego, essa é uma zona – ou um estado de espírito – incrivelmente perigoso para qualquer empresário e, acima de tudo, para a sobrevivência a longo prazo do seu negócio. Por muito que, naquele momento, possa não parecer porque, e como referia acima, tudo parece estar a correr bem. Contudo, o tempo e a experiência mostram-nos que as zonas de conforto tendem a incutir-nos uma falsa sensação de segurança, que pode ter um custo muito elevado.
Lembra-te que sucesso é uma moeda que tem, sempre, dois lados: se de um dos lados está a entrada constante de receita, combinada com um pouco de arrogância – ou excesso de confiança! – de alguém que alcançou objetivos, do outro lado, por sua vez, mantém-se isolado e perante a ameaça de ficar estagnado. A nossa sensação de conforto e segurança pode prejudicar o crescimento, o assumir de riscos e, por consequência, comprometer as perspetivas de inovação e escalabilidade, ou seja, conseguir dar um passo ainda maior.
Usufrui do sucesso mas não fiques lá parado
Caro empreendedor, não me interpretes mal. Como dono de um negócio, a sensação que tens de sucesso, de realização e de contentamento é muito merecida. Ninguém te quer tirar isso e tens todo o direito de usufruir e celebrar esse estado de graça. Aquilo que te peço é apenas que não permaneças lá muito tempo porque há um perigo inerente nesta aceitação passiva de fazer apenas o suficientemente bom. Chama-se estagnação.
E a estagnação criativa deixa os negócios mais vulneráveis face a concorrentes mais dinâmicos, que estão melhor preparados para o sucesso a longo prazo. Esta é uma realidade muito presente nas PME’s, sobretudo devido à sua limitação de recursos. Mas para qualquer empresa, o ato de sair da zona de conforto deve ter mais a ver com mentalidade do que com dinheiro.
Cinco formas de abandonar a tua zona de conforto
Antes de começares a delinear estratégias para sair da zona de conforto, certifica-te de que celebras devidamente tudo o que tu e a tua empresa conquistaram até ao momento. Se o conseguiste e atingiste um sucesso significativo, estás de parabéns!
Mas agora está na altura de deixar este paradoxo que é a zona de conforto. Afinal de contas, o sucesso do teu negócio no futuro, não pode depender da satisfação alcançada em êxitos anteriores.
Por isso, sabe como podes começar a inovar, energizar e impulsionar o teu negócio para continuar a obter mais e melhores resultados a longo prazo:
Identifica os teus medos
A inércia está, de certo modo, enraizada no medo e na incerteza. Faz um pequeno exame de consciência e identifica o que tem bloqueado o teu desejo de inovação e crescimento. Os principais “culpados” costumam ser o medo do fracasso, a ansiedade relacionada com a economia ou tendências do mercado, as dúvidas sobre custos e fluxo de tesouraria e as preocupações sobre as capacidades atuais da tua equipa. Mas reflete sobre isso e faz uma lista destes “fantasmas” que te impedem de dar um passo em frente.
Tem mais formação
Saber é poder e parar é morrer. Não pares de aprender e não deixes o teu conhecimento em standby. Pesquisa a dinâmica atual do mercado, as tendências emergentes e até mesmo inovações no teu setor. Aprende tudo o que puderes sobre o teu setor de atividade, o que os teus concorrentes estão a fazer, os avanços tecnológicos que podes ter de adotar e outras influências que inspirem ação e crescimento. Garante que aproveitas vários recursos informativos e compromete-te com uma aprendizagem ao longo da vida.
Aproveita a tua equipa
Tenho a certeza que a tua equipa tem excelentes ideias. Alguns podem mesmo fazer toda a diferença no negócio, enquanto outros terão conhecimentos mais específicos de grande utilidade nas suas áreas. Todos são indiscutivelmente dignos de reconhecimento e consideração. Capacita a tua equipa de forma a que esta contribua ativamente para o sucesso do negócio e incentiva perspetivas informadas, novas e diversas.
Sonha sempre mais alto
Se pensasses pequeno nunca terias lançado um negócio, certo? Por isso, sonha sempre mais alto e potencia as tuas visões pessoais e empresariais com uma mentalidade expansiva. Convence-te de que nada está fora do teu alcance.
Sabe que não há uma linha de chegada
A complacência costuma aproximar-se de nós quando não estamos a prestar atenção. Sem um compromisso forte com o crescimento e a inovação, as zonas de conforto são quase que um efeito colateral inevitável do sucesso. O teu papel como inovador no teu negócio é infinito.
Não há limites. O sucesso sustentado requer uma estratégia a longo prazo e um compromisso infinito com a criatividade e o aperfeiçoamento. A boa notícia, e eu sei que o sabes, é que à medida que ultrapassas os limites da tua zona de conforto, é praticamente certo que coisas incríveis vão acontecer. Gera-se uma espécie de ressonância com um efeito difusor. A tua visão e missão assumem um significado maior. A tua equipa ficará mais inspirada, produtiva e alinhada. A tua posição no mercado será mais alta. E tudo porque recusaste permanecer para lá do estritamente necessário na tal zona cinzenta que habitualmente chamamos de zona de conforto.
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